Minha mensagem e votos de Natal
Meus
queridos irmãos e amigos,
Aproxima-se
as festas do Natal do Senhor e, como não poderia deixar de ser, tenho de vos
dirigir algumas palavras.
Natal longe das
raízes
Este
será o meu primeiro Natal longe da minha família, dos meus amigos. É difícil
ver o Natal sem estas pessoas que formaram e formam parte da nossa vida. Se me
perguntam: «Não te vai custar o Natal longe da tua família?», eu repondo: «Como
humano que sou, claro que sim!», pois a família e os amigos são necessários
para a minha vida.
O
Papa Francisco respondia, assim, a uma criança que lhe perguntou se tinha
amigos: «Claro que tenho amigos! Sem eles não teria chegado onde cheguei,
pois eles dão-me apoio e conforto quando preciso!». Faço minhas as palavras do
Papa, acrescentado aos amigos a família.
Será
difícil, custará… mas, ganhei uma outra família! A família da Ordem dos
Pregadores, os meus irmãos noviços e frades, as irmãs religiosas e monjas
contemplativas, os leigos comprometidos com a Ordem e todos aqueles que nos
acompanham. Passarei o Natal em Sevilha, uma belíssima cidade, cheia de
encanto, beleza e fantasia. Passarei o Natal no Convento, com os meus irmãos
que me amam e me acarinham fraternalmente. É assim as escolhas na vida,
renuncia-se a umas coisas e ganham-se outras, pois Deus tudo providencia e
ampara.
Contudo,
não esquecerei a minha família, pois irei uns dias a Portugal para estar com os
meus irmãos frades pregadores, em Lisboa, e uns dias para estar com a família,
em Perosinho, minha terra natal.
Presentes e desejos
Faz
uns dias em que uns amigos agregaram-me a uma conversa no Facebook e me
perguntaram: «Já escreveste a tua carta ao Menino Jesus?». Eu respondi: «Para
quê escrever uma carta se Lhe posso dizer directamente na minha oração?».
Pois,
o que lhe tenho pedido é muito simples: capacidade de amar! É só o que lhe
peço, para mim e para todos. Estou consciente de que se nos amassemos mais, não
haveria tanta coisa má no Mundo.
Estes
dias são muito comoventes para mim, pois fico muito sensibilizado ao saber que
pessoas idosas, vivem os seus Natais como um dia normal, porque estão sós,
porque ninguém lhes faz caso.
O
meu apostolado é precisamente acompanhar um grupo de idosos. Nestes dias, para
além da alegria dos famosos “vilancicos de Navidad”, das pessoas na rua, das
luzes de Natal, muitos me foram confidenciando que iriam passar este Natal
sozinhos, que iriam comer qualquer coisa e se deitariam, como se fosse um dia
normal. Isso comove-me! Isso deita-me por terra, deixa-me triste…
Se
me fosse possível, estaria com todos e cada um deles corporalmente, mas como
não é possível, estarão presentes na minha oração.
O que é o Natal?
É
um Mistério! Como é que Jesus, sendo divino, se fez homem? Como é que Jesus,
sendo divino, foi nascer tão pobre, tão marginalizado, tão afastado da riqueza
do Mundo? Como…? Como...? Como…? Poderíamos continuar com as perguntas. Mas a
resposta é simples: por Amor.
Um
amor tão simples, mas tão profundo; um amor tão débil, mas ao mesmo tempo tão
poderoso. É assim o amor de Deus…
O
Natal envolve-nos de carinho, de ternura, de bondade que nós mesmos somos um
presente, quando nos abrimos a esta novidade que é o nascimento de Jesus nos
nossos corações. É nos nossos corações que Jesus tem de nascer, pois se não
nasce dentro de mim e de ti, caímos no ritualismo: ceia de natal, reunião de
família, cumprir umas certas tradições, ir à Missa do Galo, ir aqui e ali… mas
com um sentimento de obrigação, de fazer porque sempre foi assim e terá de ser…
Se
vivemos o Natal desde o nosso coração, ou melhor, se deixarmos que o nosso
coração se torne o presépio, então todas estas tradições ganham vida e podemos
viver plenamente e com sentido todas as tradições.
O
Natal é, por isso, acolher a Deus no nosso coração.
Presentes...
Os
que me ligam e mandam mensagens de felicitações têm-me perguntado: «Estamos com
dificuldade em escolher o teu presente: o que queres ou te faz falta?». Eu
nunca fui muito de presentes, mas digo-lhes: «Nada! Guardai o dinheiro para vós
ou doai-o». Tenho a certeza que ninguém faz caso ao que digo, mas pronto…
Infelizmente,
de hoje em dia gasta-se mais dinheiro em presentes do que em bens que realmente
fazem falta. Conheço uma pessoa que preferiu comprar presentes a arranjar a sua
casa que estava em péssimo estado. Resultado: ficou sem dinheiro e sem casa!
A
mim, quando insistem em dar-me algo, agradam-me os presentes pequenos: um
porta-chaves, uma caneta, um livro. Ou seja, algo que me faça recordar de forma
positiva a pessoa que mo deu…
Portanto,
a todos quantos pensam dar-me algo, apesar de todas as minhas negações,
peço-vos que seja algo singelo.
Oração
Hoje,
numa oração que tivemos, rezamos uma oração bonita que quero partilhar
convosco:
«Senhor, dá-nos a
graça de estar sempre atentos, de velar sem dormirmos e de surpreendermo-nos,
esperando a Tua chegada.
Ajuda-nos: a esperar
sempre, cada ano, a Tua chegada com alegria; a saber que o Teu calor fará
desaparecer a nossa frieza interior; a esperar o Teu amparo, que alegrará
tantas das nossas tristezas; a receber o Teu apoio, que nos levantará das
quedas; a enxugar as nossas lágrimas, que nos impedem de ver-Te nos irmãos; a
encontrar-Te sempre perto para preencher as nossas solidões; a receber a Tua
bondade, que inundará a nossa falta de fé; a que estejamos dispostos a preparar
uma manjedoura no nosso coração para Ti; a que as coisas exteriores, os
adornos, não ocultem o Natal.
Senhor, que o meu
coração esteja disposto a acolher-Te!»
Votos
Pois,
para terminar, quero apenas desejar-vos a todos um Feliz e Santo Natal. Que
este Natal não passe apenas pelo exterior mas que se vida desde dentro do nosso
coração. Que o nosso coração seja uma manjedoura para acolher este Deus Menino
que vem cheio de amor e de ternura, de carinho e bondade e, sobretudo de
gratuidade.
Quando
derem presentes, pensem sempre em dar primeiro algo de vós, nem que seja um
sorriso. Lembrai-vos daqueles que vivem sós, daqueles que vão passar o Natal
sem festa, sem família, sem nada.
Desejo,
também, um feliz ano 2015. Que seja um ano cheio de tudo e de todos.
Confiemos
a Maria este novo ano, para que ela nos cubra com o seu manto materno e nos
acompanhe sempre!
Feliz
Natal!
Pax
Christi,
fr.
José Manuel
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