Disponibilidade

Na publicação de ontem, bem como a de hoje - e quem sabe, dos próximos dias - as minhas reflexões vão de encontro aos valores que regem a vida em comunidade. Se ontem falei do valor da Servicialidade, hoje falo do valor da Disponibilidade.

Somos pessoas, por natureza, ocupadas... ocupadas com a vida, ocupadas com os estudos, com os trabalhos apostólicos... etc! Mas, sempre que surge alguma coisa de última hora há que ser capazes de largar o que temos e de fazer o que nos pedem.

Não sou pessoa de andar sempre a olhar para o relógio, creio que perco mais tempo a olhar para ele que a fazer algumas coisas!!! E, creio eu, ainda bem!

Há um livro de que gosto muito e do qual já aqui fiz referência: Ao ritmo do tempo da vida dos monges, de Anselm Grün. Embora não seja monge, creio que aquele livro reflete muito bem a importancia de aproveitar cada momento e não estar muito preocupado quanto ao tempo que gastamos numa conversa, numa actividade, num encontro, etc etc... 

Gosto de me deixar surpreender pelo tempo e até fico admirado quando de repente o sino toca para o almoço e penso: "Que rápido passou a manhã e nem dei pelo tempo passar!"

A disponibilidade tem a ver com a qualidade com que fazemos as nossas obrigações e os nossos lazeres, tem a ver com o fazer bem e não com o fazer rápido... e estar sempre alerta quando um irmão bate à nossa porta e nos pede ajuda nem que seja para dois dedos de conversa.

Para terminar, uma história:

"Um dia um Prior precisava de ajuda para tratar de uns papéis e pediu ao Mestre de Noviços:
-"Padre Mestre, dê-me um noviço ocupado para que me possa ajudar..."

O Padre Mestre, admirado, pergunta-lhe:
-"Padre Prior, um noviço ocupado? Mas se está ocupado... não poderá ajudar!"

Mas o Prior contestou:
-"Quando uma pessoa anda ocupada, quando um frade está ocupado, então é esse mesmo que pode ajudar".

Que sejamos, nós capazes de não olhar tanto para os relógios e olhar mais para os olhos dos que se cruzam no nosso caminho. Porque, como diz o povo, "quem corre por gosto, não se cansa!"

Pax Christi,
fr. José Manuel

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