Arder para abrasar!

 "Um homem que arde em caridade e que abrasa por onde quer que passa; "
Santo António Maria Claret


A caridade, KARITAS do grego, é amor. Assim tem de ser todo o homem de Deus, isto é, revelar, com a sua própria vida, o rosto de Deus que é Amor, como nos diz São João! Santo António Maria Claret dizia isso mesmo aos seus irmãos da Congregação. As suas palavras podem ser para cada um de nós...

Os homens deste mundo são absorvidos na 'caridadezinha', isto é, fazer umas quantas acções de voluntariado, doar uns euritos a uma instituição: a isto chamo solidariedade. Contudo, quando nos pedem Caridade, significa que nos pedem a doação do amor. Estas obras são importantes porque já São Tiago nos advertia: "A fé sem obras é morta".

A Directora e Fundadora da Ajuda de Berço, Dra Sandra Anastácio, minha amiga e dos dominicanos, numa entrevista respondeu ao jornalista: "Eu não sou solidária, eu pratico a caridade". 

Para mim, mais que dar alguma coisa temos de ser presença, sinal, exemplos de escuta. Ao longo do meu percurso vocacional, dediquei-me a várias obras de caridade, tais como lar de idosos, hospitais, lar de crianças. Também percebi, nestas obras, que o mais importante do que falar é ouvir, escutar...

Vivemos num mundo individualista, o que faz falta é escutar. Por vezes ia ao lar e não falava a não ser para cumprimentar os que ali estavam, mas escutava as histórias de todos e isso os fazia felizes!!! 

A caridade é deixar-se amar e amá-los de igual modo. É deixar que a sua vida penetre na nossa vida, é amar a sua pobreza, a sua miséria. 

Dizia um santo que o fogo que aquece é aquele que arde! Temos de deixar o nosso coração arder para aquecer o coração dos demais. Quem tem medo de se queimar, nunca poderá aquecer os outros. 

Em comunidade é igual... Num convento é preciso deixar que o nosso coração arda com a vida dos outros, é preciso que saibamos arder!!! Quem não arde, dentro de uma comunidade, faz arrefecer o calor, tornam-se frios. Aconteceu isto numa comunidade onde estive anteriormente... Não ardiam, não se deixavam consumir pelo Amor! O que resultou? Uma comunidade morna, cheia de tensões, mexericos, tristezas, alimentada pelo mal de uns e de outros... Completamente estéril...!

O que encontrei de novo?  Uma comunidade ardente do zelo apostólico, de amor a Jesus Cristo, confiante na sua missão, uma comunidade e, principalmente, um frade que ardia em amor, simplicidade, alegria, transparência... E assim, como que uma tocha na boca de um cão (símbolo dominicano) re-acendeu em mim um fogo ardente, o fogo do amor a Deus e aos outros. 

Não deixemos apagar este fogo, esta chama do Amor de Deus, esta tocha ardente. Não tenhamos medo de nos consumir, medo de arder... Pois só ardendo podemos aquecer os que nos rodeiam!!!

Recordo de modo particular todos os Missionários Claretianos: Noviços e Comunidade de Granada; Comunidade dos Carvalhos, em especial, o falecido Pe. Sousa e os Padres João Luís, Manuel Rocha, Joaquim Maia, Carlos Candeias, João Freitas, Maia, Custódio Pinto. A todos eles muitas felicidades.




Pax Christi,

fr. José Manuel

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