Permanecer é Testemunhar
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
Disse-vos estas palavras para não sucumbirdes.
Hão-de expulsar-vos das sinagogas; e mais ainda, aproxima-se a hora em que todo aquele que vos matar julgará que presta culto a Deus.
Procederão assim por não terem conhecido o Pai, nem Me terem conhecido a Mim.
Mas Eu disse-vos isto, para que, ao chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo tinha dito».
Sabemos bem que, ainda hoje, há uma grande dificuldade na fidelidade aos compromissos que assumimos. Alguns dizem que vivemos na cultura do descartável, eu prefiro dizer, apenas, que é difícil fazer grandes compromissos na vida. Ser fiel a um compromisso é difícil porque requer de nós um constante testemunho, um constante «sim» e é isso que é mais difícil. É uma questão de nos irmos convertendo, a passo e passo, quotidianamente, todos os dias um pequeno passo.
O mais engraçado é que Jesus quando chama os discípulos e lhes fala da missão, nunca diz mentiras, mas é realista. Para se ser discípulo de Jesus, há que dar testemunho. O Evangelho de hoje é muito bonito e fala da terrível missão e das consequências que os discípulos terão por terem abraçado a fé em Jesus.
Dar testemunho é permanecer e permanecer é testemunhar. Desde que comecei a pensar na vida religiosa, sempre me emocionei com as actas do martírio dos cristãos. Nós vivemos regalados, pois podemos professar a nossa fé, sem problemas. Ninguém se importa se somos cristãos, é aceite qualquer crença e religião. Mas, em alguns países, professar a fé é motivo de condenação e de morte. E tantos, mas tantos, continuam a ser mártires. Basta ver o que se passa nos países do Médio Oriente em que, todos os dias, são executados cristãos (crianças, adultos, idosos, padres, religiosos, religiosas,...). Mas estes, não são notícia, porque não «vende», a televisão não ganha nada com eles, ninguém quer saber... contudo, se houver alguma confusão na Europa, há notícia para uma semana.
O Evangelho de hoje é quase como que uma «profecia» dos nossos tempos: «e mais ainda, aproxima-se a hora em que todo aquele que vos matar julgará que presta culto a Deus.». E eu pergunto-me: será que leram a mensagem de Deus correctamente? Não encontrei, em nenhum livro sagrado (cristão ou não), um único texto que diga que temos que matar porque esse é um sacrifício que agrade a Deus.
Como é que se pode entender um Deus que queira a morte?
Como é que se pode entender um Deus que queira a destruição daquilo que Ele criou e disse «Era tudo muito bom!» (Gen. 1, 25).
Como é que se pode entender um Deus que queira o sofrimento do ser humano?
Mas, Jesus explica: «Procederão assim por não terem conhecido o Pai, nem Me terem conhecido a Mim.» De facto, quando conhecemos a Deus já não é possivel matar, odiar, fazer a guerra. Tudo pelo contrário.
Há dias recebi um correio electrónico com um vídeo sobre a misericórdia. Tratava-se de um julgamento de um homem que violou e matou uma menina, nos Estados Unidos (como não podia deixar de ser). Durante o julgamento, a família da vítima ia fazendo acusações e expressando o ódio ao arguido do caso. Ele continuava frio, impassível, insensível ao sofrimento daquela gente.
Mas, o pai da menina foi o último a intervir e dizia: «Você tem aqui pessoas que o odeiam; eu não sou uma delas. Você tornou difícil eu viver, segundo aquilo em que eu acredito. Mas, é isto o que Deus me diz para fazer, que é perdoar. Você está perdoado!». O assassino quebrou e chorava.
De facto, quando nos confrontamos com a misericórdia e com o amor de Deus, não podemos ser mais frios, impassíveis, já não é possível ter sentimentos de ódio. Tudo isso é superado pela certeza de que Deus ama, tal como somos, e, por isso, perdoa. E nós temos de ser os «missionários» da misericórdia, nós que já experimentamos este amor e misericórdia, temos de levar aos outros.
Hoje, também, a Igreja celebra a memória de Santo Atanásio de Alexandria, Bispo desta cidade e um apologeta. Foi preso várias vezes por querer anunciar o Evangelho. Defendeu a Igreja, «com unhas e dentes», contra a heresia de Ario.
Permaneçamos com Ele, façamos o esforço por testemunhar aquilo que nós já experimentamos e conhecemos. Não tenhamos medo das consequências, Ele permanece connosco!!!
Pax Christi.
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