A Árvore da Vida

A história do meu Cristo...

O meu pai (ainda solteiro ou recém-casado, não sei!), num dos seus trabalhos, encontrou um Cristo numa casa abandonada. Trouxe-o para casa, colocou-o numa parede e ali ficou pelo menos uns 17 anos. 

Depois fizeram-se obras lá em casa e tirou-se o Cristo da parede e guardou-se numa caixa. Eu quando vim para Lisboa pedi-lhe para o trazer comigo. Ele consentiu, mas avisou-me: «Olha que esse Cristo tem muitos anos e deve valer dinheiro». 

Trouxe-o para Lisboa e guardei-o com cuidado. Como mudei de quarto, coloquei-o numa das minhas paredes, juntamente com uma imagem de Nossa Senhora e S. Domingos. É uma espécie de oratório, onde faço a minhas orações.

Pedi a um amigo que me avaliasse o Cristo e ele garantiu-me que seria um Cristo dos finais do século XIX. Ora é valioso, mas mais valiosa é a sua história... Pensei em mandar fazer uma cruz em acrílico e colocá-lo nela, mas depois nunca o cheguei a fazer. Hoje estou arrependido.

Hoje de manhã, estava a ler o Evangelho da Ascensão e eis que oiço barulho de algo a cair, mas continuei o que estava a fazer. Quando me levantei, deparei-me com a tragédia. O Cristo tinha caído e ainda por cima partiu um dos braços. Comentei com um amigo a tragédia e ele respondeu, para aliviar: «Está bem que Ele ressuscitou, mas não era preciso atirar-se da cruz!». 

E, depois de fazer um desenho da Cruz, já sem Cristo, e com o tema: «A Cruz tornou-se, para nós, a Árvore da Vida» lembrei-me de um sermão de S. Teodoro sobre a Festa da Exaltação da Santa Cruz, bem como de uma música, atribuída ao nosso Rei D. João IV. Aqui os deixo!

«Como é bela a imagem da cruz! A sua beleza não oferece mistura de mal e de bem, como outrora a árvore do jardim do Éden. Toda ela é admirável, “uma delícia para os olhos e desejável” (Gn 3, 6). É uma árvore que dá a vida e não a morte; a luz, não a cegueira. Leva a entrar no Éden e não a sair dele. Esta árvore, à qual subiu Cristo, como um rei para o seu carro de triunfo, derrotou o diabo, que tinha o poder da morte, e libertou o género humano da escravidão do tirano. Foi sobre esta árvore que o Senhor, qual guerreiro de eleição, ferido nas mãos, nos pés e no seu divino peito, curou as cicatrizes do pecado, quer dizer, a nossa natureza ferida por Satanás. [...]
É pela cruz que a morte foi morta e Adão restituído à vida. É pela cruz que todos os apóstolos foram glorificados, todos os mártires coroados, todos os santos santificados. É pela cruz que fomos reconduzidos como as ovelhas de Cristo, e fomos reunidos no redil do alto.»






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