Benedictus Deus in donis suis!


Neste dia da minha Profissão Solene (ou perpétua) na Ordem dos Pregadores, não posso deixar passar a ocasião de partilhar com todos um agradecimento muito especial àqueles que se manifestaram por cartas, mensagens, emails, telefonemas e a todos quantos puderam estar presentes neste grande dia da minha vida. 
Fiz um pequeno 'discurso' de agradecimento que foi lido durante o almoço em Família (com F maiúsculo) e que partilho com todos, pois a muitas outras pessoas dizem respeito.

Querida Família, 

na carta aos Colossenses, São Paulo exorta os fiéis daquela comunidade a cultivarem a virtude da gratidão e diz-lhes: «Sede agradecidos» (Col. 3, 15). 

Quando entrei na Ordem ensinaram-me que, quando alguém nos dá algo, devemos agradecer com as palavras «Benedictus Deus in donis suis».

Por sua vez, S. João Crisóstomo afirma: «O melhor modo de guardar um benefício é a memória do mesmo benefício e a contínua acção de graças».

É disto mesmo que se trata: dar graças e agradecer! E tanto há que agradecer, tantos benefícios e tantas graças, tantas pessoas e instituições que, ao longo da vida foram ganhando um espaço e nela ficaram. 

Quero, em primeiro lugar, dar graças a Deus por tudo o que me foi concedendo ao longo da vida: o bom mas também o menos bom, pois isso só me ajudou a crescer e a confiar cada vez mais na Sua presença amorosa.

Depois, só posso estar agradecido à minha família (esta de sangue) e sobretudo aos meus pais que foram sempre o grande apoio e que sempre me proporcionaram os meios necessários para que eu hoje possa dar o meu sim para sempre, mesmo que com esforço e entre dificuldades. 

Tenho de estar grato, também, aos meus amigos! Sim, se os amigos são a família que escolhemos, estes são importantes para nós. Obrigado por saberem lidar comigo e por estarem sempre presentes, mesmo quando a vida parecia não ser risonha. É aqui que vemos a qualidade dos amigos e não a quantidade. 

Não me poderia esquecer, de todo, à minha Paróquia de Perosinho que me acolheu como filho e sempre se mostrou disponível acolher os meus projectos e anseios. Obrigado por serem um estímulo para a minha vocação com o exemplo de uma vida cristã em comunidade. 

Agradeço, assim, ao meu Pároco, o Pe. Augusto Baptista que foi e é um homem de fé, de coragem e, para mim, um exemplo de bondade. 

Dou graças a Deus pela Ordem dos Pregadores à qual me uno para sempre. Graças a Deus que inspirou no coração de Domingos o desejo de fundar uma Ordem que se dedicasse ao estudo, à oração, à vida fraterna e à pregagação. 

Por isso, se hoje fazo a minha Profissão Solene, à Ordem o devo que me mostrou a misericórdia de Deus através da misericórdia destes meus irmãos e irmãs. 

Agradeço à Família Dominicana nos seus vários ramos e que se foram fazendo presente ao longo da minha vida como frade. Obrigado pelo carinho, pela oração, pela amizade.

Agradeço ao Padre Provincial, que para além de ser um superior é também um amigo e um irmão. Na sua pessoa agradeço a toda a Província de Portugal por me terem acolhido e por me terem acompanhado. 

Agradeço, também, a toda a comunidade deste Convento de São Domingos de Lisboa, na pessoa do seu Prior, por me ter acolhido e tratado com caridade. Nestes três anos que aqui estive foram, para mim, um exemplo e estímulo para a vivência da espiritualidade de São Domingos e, neste sentido, foram verdadeiramente meus formadores. 

Por isso e já que falo em formadores, quero agradecer de um modo muito especial ao Padre Mestre de Estudantes e ao Padre Sub-mestre. Obrigado pela proximidade e atenção, obrigado pelo apoio nas horas mais difíceis e obrigado pela confiança. Convosco aprendi que um superior é também um irmão mais velho que caminha connosco e no qual podemos confiar sempre.

Agradeço à comunidade que se reúne nas nossas celebrações dominicais e semanais e com quem vamos criando laços de amizade e de fé. 

Ao finalizar, não posso deixar de agradecer a duas grandes instituições que, ao longo destes três anos, foram a minha companhia e onde pude realizar o meu apostolado:

1) A João13, que apoia os sem-abrigo e as pessoas carenciadas de Lisboa, nascida da pregação e à qual sirvo. Para mim, é uma honra poder servir e trabalhar com os mais pobres que são, segundo o Papa Francisco, «o tesouro da Igreja». Obrigado a toda a associação e obrigado pelo trabalho que com eles desenvolvo em favor destes irmãos e irmãs que sofrem. 

2) O Externato Marista de Lisboa, onde desenvolvi uma parte menos social, mas mais catequética, através das Celebrações da Palavra, junto dos mais jovens. Foi um desafio e uma responsabilidade, mas foi, sobretudo, uma bela oportunidade de fazer incarnar a Palavra de Deus junto dos jovens e crianças. Obrigado pela confiança e pela amizade. 

Por fim, quero agradecer a todos quantos colaboraram na organização deste dia, que prepararam e se fizeram presente na celebração. Agradecer, também, ao Padre Mestre, aos Noviços e à D. Clarinda que prepararam esta nossa refeição e este convívio.

Por fim, termino como comecei: 

Bendito seja Deus por esta Família (alargada)!

Bendito seja Deus pelos seus dons!

Obrigado!

E hoje, ainda que seja um dia de festa, não pude deixar de contribuir, como faço todos os domingos, para o bem-estar dos mais pobres da nossa cidade e, por isso, em clima de festa celebrei com os sem-abrigo e com os pobres a segunda parte da festa. Obrigado a todos!

De facto, bendito seja Deus pelos seus dons!

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