A «virtudecultura» do Pai

«Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor.
Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto.
Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei.
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim.
Eu sou a videira, vós sois os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer.
Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará. Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem.
Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido.
A glória de meu Pai é que deis muito fruto. Então vos tornareis meus discípulos»
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As metáforas que Jesus utiliza, embora complexas, ajudam-nos a compreender a importância que, ao tempo de Jesus, estas imagens tinham. A agricultura é sempre o símbolo da renovação e do cuidado que se deve ter nas coisas e na vida, ou seja, é sempre uma imagem da renovação. 

Quem vem de ambientes agrícolas, como eu, sabe que a agricultura requer tempo, paciência, cuidado e persistência. Não é uma coisa imediata. Quando era mais pequeno, via na televisão que os desenhos animados plantavam uma árvore e ela crescia quase que instantaneamente. Ora, na vida real não é assim. 

Assim também somos nós! As virtudes que cultivamos na nossa terra não são algo de imediato, nem florescem de modo instantâneo, mas leva o seu tempo e os seus cuidados. Mas não nos preocupemos... o Pai é o agricultor e não nós. 

O nosso mundo tem a ânsia de poder controlar tudo, mas se há coisa que não podemos controlar é a nossa vida, porque ela é dom! O dom da vida tem de ter uma terra que somos nós, mas o resto já não é connosco! Quem rega, quem poda, quem cuida é o Pai. A nossa missão é absorver o que de bom Deus nos dá. Nada mais importa!

Mas ser um terreno fértil tem as suas dificuldades e uma delas é permanecer fiel. A fidelidade a Deus é a atitude cada vez mais difícil que temos de ter, pois os apelos do mundo são, por vezes, mais atractivos, porque são mais fáceis e imeditatos. Não devemos procurá-los!!!

Por isso, cientes de que somos «possuidores» de muitos dons, mas também de alguns defeitos, deixamos que o Pai trabalhe para a nossa fertilidade, ajudando a crescer na virtude e a cortar os defeitos. Porém, só numa vida de oração é possível que este trabalho tenha fruto. Gosto de chamar a isto de «virtudecultura. 
 
Permanecer em Deus é estar atentos aos meios que Deus coloca à nossa disposição e que nos ajudam a progredir no caminho das virtudes e da santidade. Mas olho... não queiramos crescer artificialmente ou como nos desenhos animados. As coisas levam o seu tempo, não são imediatas. 
 
Enquanto isso, peçamos ao Pai a graça de permanecer n'Ele para que - utilizando a expressão do Evangelho - nos tornemos seus discípulos. Deixemos que o nosso terreno seja cultivado e cuidado pelo Pai, o «virtudecultor».
 
Pax Christi!

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