A manifestação da ternura

Há dias, neste mesmo Blog, falava da importância e da necessidade de trazermos de novo o sentido verdadeiro do Natal, onde tudo nos fale de uma coisa, ou melhor, de uma pessoa: Jesus! Ele é que dá sentido ao nosso Natal. 

Ontem, Domingo I do Advento, o Papa Francisco visitou a pequena povoação de Greccio, em Itália, lugar onde São Francisco de Assis montou, por assim dizer, o primeiro presépio quando, numa gruta, celebrou a missa da vigília do Natal, acompanhado dos seus irmãos e daquele povo. Podem rever esta curta visita (pouco mais de uma hora) do Papa Francisco, clicando aqui (vídeo)..

O Presépio não foi inventado pelo santo de Assis, mas as circunstâncias daquele acontecimento fizeram conhecido aquele que viria a ser o presépio que hoje conhecemos, com o burro e o boi. Não queremos aqui responder se este é o verdadeiro presépio ou se o burro e o boi estavam mesmo no nascimento de Jesus.

Nascimento de Jesus, nas Catacumbas de Priscila, Roma

Já nas Catacumbas o mistério do Nascimento de Jesus está representado com uma Mulher que tem ao seu colo um Filho e ao lado destas duas figuras aparece-nos um Homem, que dizem os especialistas em arte, será uma representação de São José. 

Mas, voltando a Greccio e a São Francisco de Assis, apenas dizer que não houve uma representação física do Presépio, ainda que o burro e o boi estivessem presentes, apenas para aquecer aqueles que ali se encontravam. 

Pintura na gruta de Greccio

Era uma pequena gruta, muito perto da capela e o local escolhido para celebrar o Natal, com simplicidade e pobreza. E Jesus nasceu ali! Foi na Eucaristia - qual «pão vivo que desceu do Céu» -  que Francisco de Assis viu o verdadeiro nascimento e, por isso, montou uma manjedoura e um frade celebrou, por cima dele, a Eucaristia.

É disto que nos fala a Carta Apostólica do Papa Francisco Admirabile Signum, que convido todos a lerem AQUI (clicar). Dela destaco apenas dois parágrafos:

Por que motivo suscita o Presépio tanto enlevo e nos comove? Antes de mais nada, porque manifesta a ternura de Deus. Ele, o Criador do universo, abaixa-Se até à nossa pequenez. O dom da vida, sempre misterioso para nós, fascina-nos ainda mais ao vermos que Aquele que nasceu de Maria é a fonte e o sustento de toda a vida. Em Jesus, o Pai deu-nos um irmão, que vem procurar-nos quando estamos desorientados e perdemos o rumo, e um amigo fiel, que está sempre ao nosso lado; deu-nos o seu Filho, que nos perdoa e levanta do pecado. (AS, 3)
É esta ternura que recebemos e é esta ternura que somos chamados a espalhar no nosso mundo, sobretudo para com as pessoas mais humildes, as que sofrem e os pobres, porque como diz o Papa:

«os pobres são os privilegiados deste mistério e, muitas vezes, aqueles que melhor conseguem reconhecer a presença de Deus no meio de nós. No Presépio, os pobres e os simples lembram-nos que Deus Se faz homem para aqueles que mais sentem a necessidade do seu amor e pedem a sua proximidade. Jesus, «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), nasceu pobre, levou uma vida simples, para nos ensinar a identificar e a viver do essencial» (AS, 6).

Várias são as representações do Presépio, umas mais tradicionais e outras mais contemporâneas. Queria salientar a representação do dominicano Fr'Angélico (1387-1455), onde colocou, também, um frade que uns dizem ser São Domingos e outros dizem que é ele mesmo, mas o importante desta imagem é a mensagem de que todos e cada um pode ser aquele que contempla o mistério de Jesus, que nasce pobre e humilde para nos ensinar como deve ser o nosso coração. 

Nascimento de Jesus, de Fr'Angelico

Com isto, renovo o convite de lerem a Carta Apostólica do Papa Francisco e renovo, igualmente, o convite para que cada um de nós traga, de novo, para o mundo e para a sociedade de hoje, o verdadeiro sentido do Natal. Porém, não nos fiquemos só pela montagem do Presépio, mas levemos a ternura de Deus aos nossos irmãos, sobretudo aqueles que sofrem e aos pobres, o lugar preferencial para ver Jesus, que é pobre e humilde. Ele vem às nossas vidas no quotidiano, não esperemos mais...

Bom Advento!

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