Felizes os que moram na Vossa casa, Senhor

«Felizes os que habitam na Vossa casa, Senhor; 
Eles Vos hão-de louvar eternamente»
(Sl. 84, 4)

Como me disse um frade: «Nada na vida acontece por acaso; há sempre uma mãozinha de Deus aí pelo meio». E cada vez acredito mais nisso...

Hoje dedico-me à organização do meu novo quarto, às arrumações, à vida comunitária deste novo tempo/etapa que é o Estudantado (ainda que não tenhamos começada, pois somos noviços até ao dia da Profissão Simples) e, quando ia a arrumar a Bíblia no seu lugar, abri neste belíssimo salmo 84. 

Viver na casa do Senhor, ou melhor, numa casa onde o Senhor é o dono, ou seja, num convento, é um motivo de alegria. Alegria pois podemos compartir a vida (as alegrias e tristezas) e porque é uma alegria ter o Senhor em casa. 

Mudar de casa - como todos já experimentamos de alguma forma - pressupõe mudança: não só mudança de bens materiais (livros, roupas, etc), mas sobretudo mudanças a nível pessoal e espiritual. Requer, pois, uma disposição à mudança de costumes, de rotinas, de maneiras, de pessoas... mas é bom!!!  Dá-nos uma certa agilidade pessoal e espiritual e põe à prova a nossa capacidade de adaptação.

Um outro momento significante desde dia - ou do que já passou dele - foi o facto de rezarmos Laudes na Igreja Conventual, no coro dos frades. Fez-me recordar, de certa forma, o dia da minha Tomada de Hábito, em que nos perguntam: «Queridos irmãos, que pedis?». E respondemos:

«A misericórdia de Deus e a vossa (referindo-se aos irmãos)»

E, hoje, ao rezar o Salmo 50 (Miserere), veio-me à mente este momento. Mais uma vez ao entrar numa nova etapa, peço o mesmo: misericórdia! 

O Papa Francisco decretou o Ano da Misericórdia que coincide com o Jubileu da Ordem dos Pregadores, vulgo Dominicanos, e vem mesmo a calhar porque São Domingos queria que os irmãos fossem o que ele mesmo foi: Pregador da Graça e da Misericórdia.

Que o Senhor me ajude e ajude a todos os meus irmãos dominicanos a redescobrir o valor da misericórdia e do perdão que provém de Deus que é «Pai de Misericórdia e Deus de consolação», como nos recorda São Paulo aos cristãos de Corinto.


Pax Christi,

fr. José Manuel


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