Corpo e Sangue de Cristo

Um pouco de História

A solenidade do Corpus Christi, vulgo Corpo de Deus foi criada no século XII, quando uma monja agustiniana admitiu ter tido visões de Cristo, no qual pedia para que o Mistério Eucarístico fosse celebrado de modo especial. Em 1264, um sacerdote da diocese de Orvieto - cidade em que o Papa tinha a sua corte - durante a celebração da Eucaristia viu a hóstia consagrada transformada em carne. A este tipo de acontecimentos chamam-se Milagres Eucarísticos e, no mundo inteiro, existem vários.

Visto que cada vez se tornava mais frequentes, o Papa Urbano instituiu a Solenidade do Corpus Christi com a Bula Transiturus, em que decretava que esta Solenidade devia ser celebrada na Quinta-feira depois do Pentecostes.

Mais tarde, posta a necessidade de celebrar um ofício solene, o Papa encarregou duas grandes figuras das Ordens Mendicantes: São Tomás de Aquino (OP) e São Boaventura (OFM). Reza a lenda de que quando apresentaram ao Papa o seu trabalho e enquanto São Tomás lia os seus hinos, São Boaventura foi rasgando, atrás das costas, o seu trabalho.

É assim que nos chegou os maravilhosos e profundos hinos desta Solenidade...

Aqui um deles em Latim e em Português, para nossa meditação...

Adóro te devóte, latens Déitas,
Quae sub his figúris vere látitas:
Tibi se cor meum totum súbiicit,
Quia te contémplans totum déficit.

Visus, tactus, gustus in te fállitur,
Sed audítu solo tuto créditur.
Credo, quidquid dixit Dei Fílus:
Nil hoc verbo Veritátis vérius.

In cruce latébat sola Déitas,
At hic latet simul et humánitas;
Ambo tamen credens atque cónfitens,
Peto quod petívit latro paénitens.

Plagas, sicut Thomas, non intúeor;
Deum tamen meum te confíteor.
Fac me tibi semper magis crédere,
In te spem habére, te dilígere.

O memoriále mortis Dómini!
Panis vivus, vitam praestans hómini!
Praesta meae menti de te vívere.
Et te illi semper dulce sápere.

Pie pelicane, Iesu Dómine,
Me immúndum munda tuo sánguine.
Cuius una stilla salvum fácere
Totum mundum quit ab omni scélere.

Iesu, quem velátum nunc aspício,
Oro fiat illud quod tam sítio;
Ut te reveláta cernens fácie,
Visu sim beátus tuae glóriae. Amen

Em português
Eu te adoro com afeto, Deus oculto,
que te escondes nestas aparências.
A ti sujeita-se o meu coração por inteiro
e desfalece ao te contemplar.

A vista, o tato e o gosto não te alcançam,
mas só com o ouvir-te firmemente creio.
Creio em tudo o que disse o Filho de Deus,
nada mais verdadeiro do que esta Palavra da Verdade.

Na cruz estava oculta somente a tua divindade,
mas aqui se esconde também a humanidade.
Eu, porém, crendo e confessando ambas,
peço-te o que pediu o ladrão arrependido.

Tal como Tomé, também eu não vejo as tuas chagas,
mas confesso, Senhor, que és o meu Deus;
faz-me crer sempre mais em ti,
esperar em ti, amar-te.

Ó memorial da morte do Senhor,
ão vivo que dás vida ao homem,
faz que meu pensamento sempre de ti viva,
e que sempre lhe seja doce este saber.

Senhor Jesus, terno pelicano,
lava-me a mim, imundo, com teu sangue,
do qual uma só gota já pode salvar
o mundo de todos os pecados.

Jesus, a quem agora vejo sob véus,
peço-te que se cumpra o que mais anseio:
que vendo o teu rosto descoberto,
seja eu feliz contemplando a tua glória.

Pax Christi,

fr. José Manuel

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