Silêncio e Serviço

Tenho-me dado conta que muitas vezes falamos demasiado. Necessitamos de constante ruído porque o silêncio muitas vezes nos aterroriza. 
Estes dias têm sido de muito trabalho... entre limpezas e arrumações, entre compras e leituras. 

Mas, sem dúvida, descobri uma coisa: o valor do silêncio e da servicialidade. Calado, dentro do convento e no meio destes afazeres - muitas vezes não reconhecido e estimado - , também é possivel rezar e entrar em contacto com o Senhor. 

Para isso há que dar ao trabalho uma dimensão contemplativa, saber que o que fazemos é para os outros e não para nós, aplicando e implicando todo o nosso ser no que fazemos.

Neste sentido, estes dias tenho descoberto a dimensão do serviço como pregação... na Ordem temos vários servidores que deram toda a sua alma ao serviço dos irmãos, por exemplo, S. Martinho de Porres.

Para terminar, uma história:

"Uma vez veio um frade a um Convento e encontrou outro frade a varrer o átrio do Convento.

Perguntou-lhe: "Você é irmão!?" (Queria dizer irmão cooperador)

O frade respondeu-lhe: "Sim, frei, sou irmão!"

Então, o visitante disse-lhe: "Irmão, leve-me as malas até ao meu quarto."

O frade deixou o seu serviço, pegou nas malas e lá as foi levar. Quando regressou, o visitante disse-lhe: "Irmão, faça-me um chá e traga-me aqui à sala de comunidade!"

O frade foi a cozinha, fez o chá e levou-lho. Depois voltou ao seu serviço...

Mais tarde o visitante foi ter com o frade que continuava a varrer o claustro e disse-lhe: "Irmão, agora que já estou mais relaxado, pode chamar-me o Prior para que eu o possa cumprimentar...".

O frade, sorrindo, contestou: "O Prior sou eu. Ainda bem que está mais relaxado. Tenha uma boa estadia."

Moral da História: independentemente do cargo que se ocupa, todos estamos chamados ao serviço dos irmãos, porque o próprio Cristo "não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida"...

Não tenhamos medo do trabalho, porque ele dignifica a nossa condição de irmãos, na medida em que imitamos a Cristo! Procuremos, com o trabalho e em silêncio, contemplar a Cristo humilde...

Pax Christi,

fr. José Manuel

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