E porque não?

Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, 
entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. 
Apocalipse 3, 20

Entramos ontem na semana de oração pelas vocações, na qual rezamos por todos aqueles que se propuseram a fazer um caminho com Deus, no qual Ele ocupa o primeiro lugar e, ainda, por todos aqueles que se questionam sobre a sua vocação e sobre o seu lugar na Igreja e no Mundo. 

Este ano, tal como no ano passado, fui convidado para ir a um Colégio das Irmãs Dominicanas para dar o meu testemunho vocacional e para falar um bocadinho do processo pessoal que fui fazendo ao longo destes três anos, tempo em que estou na Ordem.

Há sempre um risco muito grande ao dar o testemunho vocacional, pois corremos o risco de falar de nós e do nosso processo, esquecendo-nos que, muitas vezes, que todos os processos vocacionais são diferentes: as pessoas são diferentes, as circunstâncias são diferentes, as etapas da vida são diferentes. Por isso, tentei falar do meu testemunho pessoal, mas tentando deixar bem claro que cada um é como é e, por isso, há que adaptar.

Assim, falei a três turmas do terceiro e quarto ano: um desafio! Como falar de uma coisa tão complexa a meninos e meninas que ainda estão nos primeiros passos das suas vidas e dos seus projectos? Mas pronto, lá fui tentando explicar, de modo simples e humilde, o que é a vocação.

A parte que, sem dúvida, gosto mais nestas coisas é de ouvir o que eles nos têm para dizer ou questionar e fico sempre espantado. As perguntas não são descabidas de todo: perguntam se recebemos dinheiro, perguntam como é o nosso dia, perguntam sobre o trabalho que realizamos, perguntam se ajudamos os pobres. Mas a pergunta que hoje fizeram e que me impactou foi: «O frei também diverte e é feliz?». E eu perguntava-me: mas será que eles pensam que somos assim tão sérios e enfadonhos? 

Outro momento bonito foi um menino que, depois de eu ter falado, disse: «Eu acho que também quero ser frei!». No final veio abraçar-me e disse que só tinha pena de deixar a família, mas que gostava mesmo de ser frei; e ali fizemos um pacto: ele reza por mim e eu por ele. Atitudes puras estas e que, sem dúvida, nos marcam. 

Por fim, um menino que disse ter vocação para ser cantor, pediu-me para cantar uma música e assim foi. Terminamos em beleza este dia de testemunhos vocacionais a estes pequenos que, um dia, serão grandes.

Rezemos por todos estes que já responderam ao apelo de Jesus e por aqueles que ainda se estão à procura da resposta. 

E, tal como lhes perguntava a eles, pergunto a todos: 

E porque não seres todo de Deus?

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