A Santa do Silêncio


Amanhã, na Praça de São Pedro, em Roma, será canonizada aquela que gosto de chamar a «Santa Silenciosa» ou «Santa do Silêncio». E perguntar-me-ão: Porque do Silêncio se ela fazia discursos em todos os sítios, até na Casa Branca?

Pois não falo do silêncio humano, claro está! Falo de uma experiência profunda, muito complexa que, em teologia espiritual, chamamos «Silêncio de Deus». Muitos experimentaram ou experimentarão ao longo da vida... mas a Madre Teresa foi ao longo de 40 anos. 

Por causa da tão mediática canonização, li um relato de uma irmã e outro de um padre que acompanhavam a Madre Teresa para todo o lado e, quer um, quer outro, falavam dessa experiência do silêncio de Deus que, para nós é inquietante, desolador e factor de desânimo, ela sempre o encarou como uma bênção. 

A irmã perguntava-lhe: «Mas, Madre, isso não a perturba?» ao que ela, com um sorriso, respondeu: «Não, porque enquanto está calado comigo, fala com outra alma que precise mais do que eu». 

Diz-se, ainda, que passava horas diante do sacrário e nunca se ouviu dizer uma única palavra, mas que estava serena, como quem escuta algo atentamente!

Uma lição importante para a nossa vida de oração. Não é que Deus não esteja interessado em nós, apenas está a ouvir e a responder a quem precisa mais que nós! 

Mas, tudo naquela mulher me impactava, uma mulher com uma nobreza de alma e uma bondade inconfundíveis.

Mas, para além desta experiência do silêncio, nela impacta-me a sua determinação - e até bom humor - com que encarava a sua missão. Faço-o através de uma história (acho que já a escrevi nalguma publicação mais antiga):

Uma vez a Madre Teresa foi mendigar e pedir esmolas para as crianças a quem tratava. Chegou a casa de um homem abastado e bateu à porta. O homem abriu e ela explicou:

- «Senhor, venho pedir uma esmola para as criancinhas doentes!»

O homem respondeu: «Claro que sim! Estenda a sua mão...»

Ela estendeu e o homem cuspiu-lhe na mão. Ela olhou-o com um sorriso e disse:
- «Está bem, senhor! Esta esmola é para mim - e abrindo a outra mão -, agora dê-me uma esmola para os meus pobres!».

E assim foi...

Li algures esta história, ainda em miúdo, e marcou-me...

Então, que o exemplo da Madre Teresa de Calcutá que descobriu o rosto de Jesus naqueles pobres e doentes a quem ajudava, nos inspire a praticar a misericórdia e a ter dita de descobrir que «há mais alegria em dar»!

Pax Christi!

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