Crux Fidelis (Ó Cruz Fiel)
Salve, ó Cruz, glória do universo!
Salve, ó Cruz, fortaleza da Igreja!
Salve, inexpugnável bastião dos sacerdotes!
Salve, diadema dos reis!
Salve ceptro do soberano Criador de todas as coisas!
Salve, ó Cruz, na qual Cristo aceitou padecer e morrer!
Salve, grande consolo dos aflitos, arma invencível no meio da luta!
Salve, Cruz, ornamento dos anjos e protecção dos fiéis!
Salve, ó Cruz, pela qual foi o inferno derrotado!
Salve, ó Cruz, pela qual fomos redimidos!
Salve, lenho bem-aventurado!
(PG 33, 1169 A.)
Crucifixion, de J. Richards |
Celebramos, hoje, a festa da Exaltação da Santa Cruz. Mas, fará sentido celebrar, em festa, a Cruz em que Cristo sofreu? A resposta é sim. Nós, cristãos, podemos celebrar a Cruz porque sabemos que «dela brotou a fonte da vida» (Hino Crux Fidelis), isto é, nós vemos a Cruz com a certeza da Ressurreição. Por isso, não nos dá medo celebrar a Cruz que Cristo abraçou.
Os nossos irmãos Ortodoxos celebram, com grande solenidade, esta festa. Nessa celebração, descrita na patrologia grega, mais concretamente nas obras do monge Alexandre, conta a famosa visão de Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, na qual ela teria recebido o mandato de ir a Jerusalém para procurar todas as relíquias da Paixão do Senhor. Ela foi e encontrou as três cruzes do Calvário e, por meio de um milagre, descobriu qual era a Cruz onde Cristo teria sido crucificado.
Pediu a uma enferma que tocasse as três cruzes e mal tocou na Cruz de Cristo, a enfermidade deixou-a. Voltando a Roma, pediu ao seu filho que fizesse uma igreja no lugar do calvário e do sepulcro para poder colocar à veneração dos fiéis as ditas relíquias.
Então, o Imperador envia os seus arquitectos e uma grande quantia ao Bispo Macário para que se apressasse a construir a dita igreja. No século V, é instaurada, segundo a patrologia, a festa da Exaltação da Santa Cruz.
Mas, o mais interessante é o rito que acompanhava esta festa. O celebrante levava a Santa Cruz e levantava-a, ao introduzi-la na igreja, 100 vezes e o povo, batendo com a mão no peito, aclamava: «Piedade, Senhor, tende piedade de nós». Depois depositava-a num recipiente de flores e depois de um grande silêncio e entre o canto do «Aleluia» saiam da Igreja com as flores com que a cruz era adornada. Este rito ainda se mantém nas Igrejas de Rito Oriental, ainda que com modificações.
Um gesto simbólico para explicar que a Cruz é a Árvore da Vida, aquela que foi tristeza converteu-se na fonte da alegria. Que grande mistério!!!
Não é preciso ter medo de olhar para a Cruz, porque sabemos que dela brotou a vida...
Que sejamos capazes de adorar a Cruz de Cristo, de abraça-la e de ver nela a fonte que nos abriu o caminho da Vida.
(Deixo, aqui, uma composição do nosso Rei D. João IV sobre a Santa Cruz, com o título Crux Fidelis, D. João IV de Portugal)
Pax Christi!
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