(Padres) Mestre, um cargo?

Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: 
«Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova?
O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre.
Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua?
Como podes dizer a teu irmão: 
‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? 
Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão.

Ilustração do Noviciado, com a tomada de hábito.
No dia 6 de Setembro, fez dois anos que comecei o Noviciado, guiado por um Padre-Mestre; fez, também, dia 3 um ano que vim para Lisboa e que mais um Padre-Mestre me guia e me guiará nesta etapa da formação inicial. 

Na nossa Ordem, os que acompanham a formação não são chamados de Prefeitos, nem tão-pouco de superiores (ainda que o sejam!), mas chamam-se Padres-Mestre, talvez por algum motivo. Mas, digamos que é mais evangélico chamar Padre Mestre, exactamente porque como mais velho ensina aos seus discípulos o que ele mesmo vive e aprendeu. Daí que sejam escolhidos irmãos já com alguns anos na Ordem. 

A função do Padre-Mestre é a de guiar, escutar e acompanhar o seu discípulo para que se torne bom, neste caso, bom dominicano, aprendendo do seu próprio exemplo, da pregação que faz com a sua vida. 

Por isso, devemos seguir os bons exemplos dele e relativizar os defeitos para assim nos tornarmos discípulos perfeitos, iguais ao Mestre. Não digo ser cópia, mas na liberdade aprender a ser como o Mestre. 

Embora que, no Evangelho de Mateus, se diga para não chamar a ninguém de Mestre, não podemos esquecer que na vida é sempre bom ter algum mestre que nos guie, acompanhe, compreenda e que, sobretudo, nos anime. 

Daí que a função do Padre-Mestre seja uma tarefa que começa na sua própria vida e, por isso, uma tarefa difícil.

Mas este Evangelho vem mesmo a propósito do dia de hoje. E porquê? Porque hoje chegam ao nosso Convento os Postulantes que, daqui a uns dias, serão Noviços e, como tal, precisam de um Padre-Mestre. 

Mas, de um modo geral, todos nós somos chamados a ser guias e acompanhantes dos nossos irmãos. A comunidade, por exemplo, não pode ficar indiferente quando um homem ou mulher se quer baptizar, mas tem de o ajudar a crescer na vida cristã. Todos nós temos responsabilidade na formação cristã uns dos outros. Somos nós o exemplo de «Mestre» que eles têm e, por isso, a nossa vida deve ser coerente e conforme o Evangelho para poder despertar nos irmãos o desejo de seguir a Cristo.

Por isso, já que o Evangelho nos fala dos Mestres, é dia de rezarmos pelos Padres-Mestre e rezo, especialmente pelo meu Padre-Mestre de Estudantes, para que o Senhor os ajude nesta exigente função e que o mesmo Senhor os anime para que possam guiar os que lhes estão confiados. 
Rezemos, também, pelos discípulos (eu incluído) para que o Senhor os ajude e reconheça na voz do Padre-Mestre a voz de Deus e assim possam ser como o Mestre.

Pai todo-poderoso, derramai vossa graça em nossos corações para que, 
caminhando à luz dos vossos preceitos, sigamos sempre a vós, como Pastor e Guia.
 Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Pax Christi!

Nota:
A imagem acima foi retirada da página oficial da Província Portuguesa da Ordem de São Domingos (Clique), visitem-na!

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