Árvore do pecado transformada
«Exulta de alegria, ó Santa Mãe de Deus. Aleluia!»
Não é necessário, a meu ver, um dia especial para celebrar a memória da Mãe de Deus, porque todos nós, de uma maneira ou de outra, invocamos no nosso dia-a-dia a memória de Maria.
O que não estamos habituados é a ver Maria como uma menina ou como criança, mas o certo é que ela não nasceu já adulta e, como nós, teve a sua infância.
Quando estava no Noviciado fomos visitar a casa das 'Esclavas de la Inmaculada Niña' que são uma congregação e nessa casa haviam várias imagens de Nossa Senhora deitada num berço, outras ao colo de Santa Ana. Mas sempre com muita pompa, muitas coroas, muitos brocados, mas nenhuma simples como devia ter sido o nascimento de Maria.
A figura de Maria sempre foi muito intrigante e objecto de estudo e de discussão... Vários Padres da Igreja fizeram sermões e pequenos tratados mariológicos sobre o assunto, como Orígenes, Dionísio o Areopagita, Atanásio, Gregório de Nisa, João Crisóstomo e o próprio Santo Agostino. Todas estas perspectivas sobre a Virgem Maria foram compiladas naquela definição dogmática que conhecemos: A Virgem Maria, Mãe de Deus (Théotokos, em grego). Mais tarde, Tomás de Aquino, Bernardo do Claraval, entre muitos outros...
Santo Agostinho, por sua vez afirma que Jesus quis fazer-se homem (Filho do Homem) e não se pode ser homem, sem nascer de uma mulher, daí que tenha escolhido a Virgem Maria para lhe dar esta humanidade. Diz Santo Agostinho: «Na verdade, irmãos, também nós confessamos que, se o Senhor quisesse assim fazer-se homem, sem que nascesse de Mulher, teria uma Majestade fácil», isto é, se Jesus aparecesse divinamente na terra, seria fácil para ele tornar-se Rei, mas Jesus quis que o rumo fosse diferente.
Mais à frente e no mesmo sermão (Sermão 51, 2), Agostinho vai afirmar: «Portanto, ninguém recrimine a Cristo ter nascido de Mulher, de cujo sexo não poderia manchar-se se o Libertador e cujo sexo deveria honrar o Criador».
Quando honramos a Virgem Maria, honramos aquela que trouxe o Filho de Deus ao mundo e o ajudou a assumir a sua humanidade.
Também São Bernardo do Claraval escreve que Maria é a nova Eva, mas uma Eva que transforma «a árvore do pecado em pão da vida». Por isso, Maria torna-se a reparadora do pecado, daí que muitas vezes a invoquemos como «Refúgio dos Pecadores».
Maria é, assim, a figura da graça e da esperança em Cristo...
Que saibamos, também nós, invocar a Mãe de Deus, aquela que deu origem à obra de Salvação em Cristo.
Ó Maria, árvore do pecado transformada em Pão da Vida, rogai por nós!
Pax Christi!
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