Hoje é o dia da Esperança!


«Depois da Ceia, o imortal entregou-se à morte, 
desceu aos infernos
libertando os que esperavam a Luz!»

Um dos meus professores, numa das suas aulas, disse-nos que todos fazíamos mal a Via Sacra. Causou espanto na audiência, mas ele prosseguiu com a aula e mais à frente explica: «Não podemos passar da 14ª Estação (Sepultura de Jesus) para a 15ª (Ressurreição de Jesus), porque deixamos para trás uma das estações mais importantes e que mais sentido tem no Sábado Santo que é a descida de Jesus aos infernos». 

No Novo Testamento não existem referências a respeito da descida de Jesus ao Sheol (palavra hebraica para designar a Região dos Mortos). Porém, no Símbolo dos Apóstolos (ou Credo pequeno, como lhe chamam na minha terra) um dos artigos é precisamente este: «desceu à mansão dos mortos». 

Em algumas terras - como a minha, por exemplo - , o Sábado Santo é chamado de Sábado de Aleluia porque é nesta noite em que se canta o Aleluia, que na Quaresma foi substituído por um versículo de louvor a Cristo. 

Mas, de facto, o Sábado Santo é mais que isso e quase todos os Padres da Igreja intitulam o Sábado Santo como o dia em que «reina sobre a terra um grande silêncio». 

Que silêncio é este? Jesus morto? Acabou tudo? Tempo do medo? Tempo do vazio? Afinal, tudo parece tão fúnebre, tão triste: entramos na Igreja e o sacrário aberto, altares despidos, apenas a Tua Cruz resplandece. 

Também os Teus discípulos viram o vazio que a Tua presença enchia. Sim, fugiram, desanimados, tristes, cabisbaixos. E o que fica? A Esperança!

Mas Jesus dorme! Jesus permanece vivo e Ele, que é a Vida, desce aos infernos para acordar os que dormiam! «Desperta tu que dormes!». Sim, despertamos a nossa vida com a Tua presença, mas onde estás agora? Onde Te podemos encontrar? Rapidamente esquecemos aquilo que nos disseste: «Vinde a Mim», «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida», «Não temais!», «Não vos deixarei orfãos!»... tudo esquecemos e fica a solidão, a tristeza, o vazio. É assim com aqueles que amamos e partem! 

Mas é óbvio que não nos deixas, porque esperamos o cumprimento do que dizias: «Destruí este templo e eu em três dias o levantarei». O povo diz - e bem! - que a «Esperança é a última a morrer» e, ainda, «enquanto há vida, há esperança» e São Paulo, em Romanos 5, afirma que «nos gloriamos na esperança da glória de Deus» e, noutra passagem, diz que «a esperança não engana, porque o amor de Deus foiderramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado».

Hoje é o dia da Esperança, da espera confiante. Não é o dia da tristeza, da morte ou do vazio, mas da espera d'Aquele que nos concedeu a graça de nos chamarmos e sermos, de facto, filhos de Deus.

Tu que hoje desceste aos infernos para anunciar o Evangelho, que és Tu próprio, livra-nos das trevas e traz-nos, de novo, à Tua Luz, essa Luz que se eleva e traz a Tua presença meiga, ténue e terna. 

Hoje é o dia da Esperança! 

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