Natal, caminho para a Paz

De uma homilia do Papa Francisco na Capela da Domus Sancta Marta, lugar onde vive, no dia 19 de Novembro de 2015 

Quando «se aproximou de Jerusalém», o Senhor, «vendo a cidade, chorou». Porquê? O próprio Jesus responde: «Se também tu, pelo menos neste dia que te é dado, conhecesses o que te pode trazer a paz! Mas isto está ocultado aos teus olhos». Portanto, «chorou porque Jerusalém não entendera o caminho da paz e escolhera a vida das inimizades, do ódio, da guerra».

Anunciação, de James Tissot
«Hoje Jesus está no céu, vê-nos e virá ao nosso altar». Mas «também hoje Jesus chora, porque preferimos o caminho das guerras, do ódio, das inimizades». Compreende-se isto ainda mais agora que «estamos próximos do Natal: haverá luzes, festas, árvores luminosas e presépios... tudo falso: o mundo continua a fazer guerras. O mundo não entendeu o caminho da paz». 

O Pontífice interrogou-se: «O que permanece de uma guerra, desta que agora vivemos?». Permanecem «ruínas, milhares de crianças sem educação, muitos mortos inocentes: tantos!». E «muito dinheiro nos bolsos dos traficantes de armas». É uma questão vital. «Certa vez — recordou o Papa — Jesus disse: “Não se podem servir dois senhores: ou Deus ou as riquezas”». E «a guerra é precisamente a escolha das riquezas: “Façamos armas, assim a economia equilibra-se um pouco, e vamos em frente com o nosso interesse”». A propósito, afirmou Francisco, «há uma palavra grave do Senhor: “Malditos!”», porque «ele disse: “Benditos os pacificadores!”». Portanto, quantos «promovem a guerra, as guerras, são malditos, bandidos». Uma guerra, explicou o Papa, «pode-se justificar — entre aspas — com muitas razões. Mas quando o mundo inteiro, como hoje, está em guerra — o mundo inteiro! — é uma guerra mundial por etapas: aqui, ali, lá, em toda a parte». E «não há justificação. E Deus chora, Jesus chora».

«Ser-nos-á útil — concluiu o Papa — pedir a graça do pranto por este mundo que não reconhece o caminho da paz, que vive para fazer a guerra, com o cinismo de dizer que não a devemos fazer». E, acrescentou, «peçamos a conversão do coração». Precisamente «à porta deste jubileu da misericórdia — desejou Francisco — que o nosso júbilo, a nossa alegria seja a graça de que o mundo volte a ser capaz de chorar pelos seus crimes, por aquilo que faz com as guerras».

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Pax Christi!

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