Corpus Christi

Haverá coisa mais preciosa que este banquete, onde já não nos é proposto, como na antiga Lei, que comamos a carne de bois e carneiros, mas o Cristo que é verdadeiramente Deus? Haverá coisa mais admirável que este sacramento? [...] Nenhum sacramento produz efeitos mais salutares do que este: ele apaga os pecados, aumenta as virtudes e enche a alma superabundantemente de todos os dons espirituais. Ele é oferecido na Igreja pelos vivos e pelos mortos, a fim de aproveitar a todos, pois foi instituído para a salvação de todos.
S. Tomás de Aquino, op
Sobre a Festa do Corpo do Senhor, opusc. 57

Na Ordem dos Pregadores temos 4 grandes devoções: São Domingos, Nossa Senhora do Rosário, o Santo Nome de Jesus e a Eucaristia. Geralmente eram estas as procissões que se faziam dentro do claustro. 

São Tomás de Aquino, como sabemos, é o autor do Ofício do Corpo de Deus, a pedido do Papa Urbano IV que encomendou uma selecta de teólogos para escreverem o ofício. São Tomás de Aquino foi o primeiro teólogo a expor o seu escrito. Desenrolando, serena e calmamente, o pergaminho começou a ler. São Boaventura, franciscano, ao ouvir tal beleza e piedade, começou a rasgar o que tinha escrito, rendendo-se. De facto, quem tiver oportunidade, leia o Ofício do Corpo de Deus, com os seus maravilhosos hinos que deram aso a belíssimas composições musicais.

Como não há muitas palavras a dizer sobre esta festa, resumo tudo aquilo que poderia dizer, com o próprio hino de Tomás de Aquino:


Eu vos adoro devotamente, ó Divindade escondida,
Que verdadeiramente oculta-se sob estas aparências:
A Vós, meu coração submete-se todo por inteiro,
Porque, vos contemplando, tudo desfalece.

A vista, o tato, o gosto falham com relação a Vós,
Mas, somente em vos ouvir em tudo creio.
Creio em tudo aquilo que disse o Filho de Deus:
Nada mais verdadeiro que esta Palavra de Verdade.

Na cruz, estava oculta somente a vossa Divindade,
Mas aqui, oculta-se também a vossa Humanidade;
Eu, contudo, crendo e professando ambas,
Peço aquilo que pediu o ladrão arrependido.

Não vejo, como Tomé, as vossas chagas;
Entretanto, vos confesso meu Senhor e meu Deus.
Faça que eu sempre creia mais em Vós,
Em vós esperar e vos amar.

Ó memorial da morte do Senhor!
Pão vivo que dá vida aos homens!
Faça que minha alma viva de Vós
E que à ela seja sempre doce este saber.

Senhor Jesus, bondoso pelicano,
Lava-me, eu que sou imundo, em teu sangue.
Pois que uma única gota faz salvar
Todo o mundo e apagar todo pecado.

Ó Jesus, que velado agora vejo,
Peço que se realize aquilo que tanto desejo;
Que eu veja claramente vossa face revelada
Que eu seja feliz contemplando a vossa glória.


Pax Christi!

(Um texto que já publiquei sobre a Eucaristia de São João Crisóstomo e que fala mais do que qualquer reflexão minha... leiam!)

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