Ossos ressequidos, mas vivificados


«Veni, Sancte Spiritus, et emitte caelitus lucis tuae radium.
Veni, pater pauperum; veni, dator munerum; veni, lumen cordium.»

Vinde, Santo Espírito e manda do céu a tua luz celestial.
Vem, pai dos pobres; vem, dador de dons; vem, luz dos nossos corações.

Hoje, a Igreja celebra a grande solenidade do Pentecostes e é, por alguns, considerada a «Segunda Páscoa». 

Contudo, gosto desta solenidade e faço o esforço por celebrá-la em vista à minha renovação pessoal, pois é isso que se procura.

Quando, ontem, cheguei do apostolado, fiz a minha Vigília de Pentecostes. Já não é muito costume fazer-se e substitui-se pela Missa Vespertina, por motivos pastorais.

Faz bem, de vez em quando, ficarmos uma noite - ou parte dela - em oração. Devo confessar que me soube bem aquele tempo! E, tal como na noite de Páscoa, repassa-se a História da Salvação, mas já numa perspectiva da vinda deste Espírito que nos acompanha sempre. 

O texto que mais gosto, nesta Vigília, é o da Leitura III, retirado da Profecia de Ezequiel, capítulo 37. Belíssimo texto, muito na linha - comparando com a literatura - do Romantismo e Ultra-Romantismo (da qual sou fã). Mas, a ideia principal é de que o Espírito é capaz de dar força e forma àquilo que consideramos ossos ressequidos, àquilo que consideramos algo sem remédio, algo que consideramos poeira. É isto que somos... «poeira que o vento leva». 

O que seria de nós sem o Espírito de Deus? Que seríamos nós, se não fosse o próprio Espírito a actuar em nós?

Nós, sendo ossos ressequidos, somos também habitados pelo Espírito de Deus e é isso que nos dá a vida. Viver segundo o Espírito é fazer o bem... Estaremos nós preparados para viver segundo o Espírito?

De modo contrário ao acontecimento da Ressurreição que só vem narrado nos Evangelhos, o Pentecostes vem narrado nos Actos dos Apóstolos e aqui se funda a Igreja.
Quando os Apóstolos estavam encerrados, com medo das perseguições, Jesus manda o Seu Espírito, manda que se dispersem, manda que anunciem - em todas as línguas - o acontecimento da nossa Salvação: Jesus morreu, mas ressuscitou ao terceiro dia e deu-nos o Seu Espírito.

O convite do Espírito Santo é feito com um imperativo: Ide!
Vamos, então, sem medo, anunciar aos outros a mensagem de que Deus está sempre presente nas nossas vidas, pelo Seu Espírito que habita em nós!

Não tenhamos medo de nos identificarmos com os ossos ressequidos, pois sabemos que este Espírito de Deus nos vivifica e nos impele a viver na condição de Filhos de Deus...
Não tenhamos medo de viver segundo o Espírito de Deus, mesmo sabendo que seremos incompreendidos...
Porque, viver sem medos, é já obra do Espírito de Deus!!!

Desde 2010 que sou padrinho de Crisma. Sempre habituei os meus afilhados (pelas minhas contas já são mais que muitos) que este era o dia da lembrança do Crisma, o dia em que lembramos o nosso Crisma e a vinda do Espírito Santo à nossa vida. Todos os meus afilhados guardam religiosamente este dia... e eu também! Por isso, a todos os meus afilhados de Crisma, um grande dia de Pentecostes e obrigado por se lembrarem do vosso padrinho.


Oremos.
Ó Deus, que no fogo e no trovão
destes a Moisés a antiga Lei no Monte Sinai
e que neste dia manifestastes a nova aliança
no fogo do Espírito,
concedei, nós vos pedimos,
que sejamos sempre inflamados pelo mesmo Espírito,
que maravilhosamente derramastes sobre os vosso Apóstolos,
e que a nova Israel,
formada por gente de todos os povos,
possa receber com alegria
o eterno mandamento do vosso amor.
Por Cristo, nosso Senhor.


Pax Sancti Spiritus Iesu Christi!

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