Advento e Esperança

A Igreja começa um novo tempo, um novo ciclo, um novo ano litúrgico, que é diferente do ano civil. 
Eu, como prometi, inicio a série de partilhas sobre este tempo e sobre as leituras quotidianas. Esta primeira publicação tem como objectivo fazer uma sucinta e breve introdução a este tempo litúrgico. Desde já, desejo um feliz Advento...

Origem Etimológica
Este tempo do Advento tem origem num vocábulo latino «Adventus», que significa vinda, presença. Utilizava-se este termo para a vinda do Imperador o de uma outra personagem importante. Nós, os cristãos, adoptamos este termo para definir a vinda de Cristo ao Mundo, pela sua Encarnação.

Origem Histórica
Os documentos do Concílio de Saragoça (380)  afirmam que os cristãos de Espanha e de França, celebravam, antes do Natal do Senhor, três semanas de preparação espiritual. Mas é nos finais do século V que começa a fixar-se a tradição de preparar-se para a vinda do Senhor e, nos séculos VI/VII generaliza-se a toda a Igreja.
Tem, também origem, naquilo a que se chama de «Quaresma Monástica» que ia desde o Advento até à Quinta-feira Santa, estabelecida pelo Papa Gelásio I e que veio a ser abolida pelo Papa Gregório Magno. Sem dúvida que ficaram restos desta ideia: penitência, cor roxa nos paramentos litúrgicos e a supressão do Glória.
É a São Bernardo de Claraval (monge cisterciense) que devemos a espiritualidade do advento, isto é, a memória das três vindas do Senhor: na carne mortal, espiritualmente na alma do crente e em glória na parusia, no final dos tempos.

Significado Litúrgico
É no seguimento da liturgia diária que nos chega o verdadeiro sentido deste tempo: Esperança na espera do Senhor que vem. É um tempo em que, de certo modo, devemos dar importância aos símbolos e orações que a Igreja nos foi dando como próprias deste tempo: Angelus, Rorate Caeli, Coroa de Advento e o Presépio. São apenas alguns símbolos e orações que nos podem ajudar a adentrar no mistério da Encarnação.
Liturgicamente, é composto de quatro semanas, sendo a terceira o Domingo da Alegria (Gaudete). Este tempo é constituído por duas partes: a primeira, desde o primeiro Domingo até ao dia 16 de Dezembro (três semanas e quatro domingos); a segunda parte, desde o dia 17 de Dezembro até ao dia de Natal.

Figuras do Advento
Os Profetas do Antigo Testamento, principalmente Isaías, têm grande importância neste tempo. Eles falam de paz, de esperança, de salvação, de luz no meio da escuridão, coisas que se vão cumprir na pessoa do próprio Jesus. Mas, também, nos recordamos de figuras do Novo Testamento que tiveram grande importância na chegada do Senhor:
  1. João Baptista. É a voz que proclama no deserto, que prepara o caminho Àquele que vem depois dele. Daí a importância do relato da Visitação (Lc. 1, 39 - 56).
  2. Maria. Uma das personagens do Advento, talvez a mais significativa, pois ela é o modelo da preparação da vinda de Cristo, cheia de alegria, humildade e esperança.
  3. José. Apesar das poucas referências que dele temos, sabemos que era um homem justo, temente a Deus e aos seus desígnios.
Espiritualidade do Advento e Atitudes
  • Viver a Esperança
  • Preparar o caminho do Senhor, especialmente o nosso coração
  • Despertar os sentimentos de alegria
  • Aprofundar o espírito de oração
  • Aprender a ser pacientes
  • Viver a fraternidade
Neste tempo sejamos capazes de viver mais no interior e não tanto no exterior. É um tempo de festa e de preocupações, pois há que comprar os presentinhos, os docinhos, a árvore de natal, etc... mas lembremos que isso são apenas aspectos exteriores... o mais importante é viver interiormente e cristã este tempo de espera e de esperança na vinda de Cristo às nossas vidas.

«'Sim. Virei em breve'
- Amén. Vem, Senhor Jesus!
Marana thá!»
(Apocalipse 22, 20)

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