Feitos para a VIDA
«Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas.
Se assim não fosse, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar.
Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo,
para que, onde eu estou, também vós estejais.
E vós conheceis o caminho para ir aonde vou.
Disse-lhe Tomé:
"Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?"
Jesus lhe respondeu:
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim."»
João 14, 1-6
É sempre difícil partilhar uma reflexão sobre a morte, porque já todos tivemos uma experiência, todos vivemos a mesma realidade de forma diferente... mas tentarei!!!
Começo por dizer que a Morte assusta-nos, porque nós fomos feitos para a Vida. Assusta-nos que fiquemos abandonados ao esquecimento daqueles que amamos, assusta-nos o facto de deixar de ser quem somos, custa-nos deixar a condição humana, custa-nos saber que somos seres para a Morte. É a nossa condição: Nascer para morrer e morrer para viver.
Muitas vezes a nossa cultura vai introduzindo noções e filosofias, muito pouco católicas sobre a morte, como por exemplo, a Reencarnação. Muitos não sabem que o hinduísmo considera o Ciclo das Reencarnações como algo mau e como castigo. Pois essas reencarnações servem para purificar a alma do mal até chegar à libertação total, em que chegam ao Karma! Muitos contemporâneos nossos pensam que é bom, pode voltar ao mundo, ter um outro corpo, uma outra vida!!! Nós, os cristãos, acreditamos na Ressurreição, na Vida Eterna, onde contemplaremos a Deus, «porque o veremos tal como Ele é» e gozaremos eternamente da Sua presença e da Sua Graça.
Agora que me tenho dedicado ao estudo dos Padres da Igreja (pastores dos cristão primitivos, séc. II), percebo que entendiam a morte como uma glória, como uma coisa que os libertaria, porque podiam contemplar a Cristo, face a face. Até diziam: Vamos à morte, porque a VIDA é certa!.
De facto, quando participamos num funeral, não nos apercebemos do que é lido ou rezado, ou porque a tristeza invade a nossa alma ou porque estamos demasiado distraídos. A liturgia exequial é uma dose de esperança muito grande porque, no fundo, é a Vida que celebramos. Nestas orações aparecem muitas vezes a palavra ESPERANÇA E VIDA. São estas as palavras de ordem...
Que hoje, ao recordarmos os nossos irmão que já partiram, comemoremos a VIDA que brota de Cristo que é o Caminho, a Verdade e a Vida. A nós, que ainda peregrinamos sobre a terra, resta-nos a nossa oração pelos irmão. Rezemos pelos que já partiram para o Pai, especialmente pelas almas que mais precisarem...
Aqueles que podermos, visitemos os cemitérios e neles rezemos pelas almas dos nossos irmãos e irmãs, tal como o Papa Francisco visitou, ontem, em Roma, o cemitério Austro-Húngaro, em Fogliano Redipuglia, Itália. É uma tradição bonita.
Pela minha zona ainda se mantém o costume de nas missas de 7º Dia e de defuntos, dar-se o Pão de Deus. Quando se recebe o pão costuma dizer-se: «Seja pelas almas...».
É uma tradição bonita e que se vai perdendo... infelizmente, mas que fique pelo menos o sentido da dádiva generosa, em sufrágio dos irmãos.
E não nos esquecemos das palavras de S. Paulo aos Coríntios:
«Por isso, estamos sempre cheios de confiança. Sabemos que todo o tempo que passamos no corpo é um exílio longe do Senhor, pois caminhamos à luz da fé e não na visão clara.
Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo exilar-nos deste corpo para ir habitar junto do Senhor.
É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos por agradar-lhe.
Porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo.»
Pax Christi,
fr. José Manuel, op
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