Santidade Anónima

«Deus eterno e omnipotente, 
que nos concedeis a graça de honrar numa única solenidade 
os méritos de Todos os Santos, 
dignai-Vos derramar sobre nós, 
em atenção a tão numerosos intercessores, 
a desejada abundância da vossa misericórdia. 
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.»

(Oração Colecta da Solenidade de Todos os Santos)

A Igreja concede-nos celebrar a Solenidade de Todos os Santos. Mas porquê?
Diz a Igreja na Sacrossantum Concilium (sobre a Liturgia): 

«Os Santos, tendo atingido pela multiforme graça de Deus a perfeição e alcançado a salvação eterna, cantam hoje a Deus no Céu, o louvor perfeito e intercedem por nós.
Segundo a sua tradição, a Igreja venera os Santos e as suas relíquias autênticas, bem como as suas imagens. É que as festas dos Santos proclamam as grandes obras de Cristo nos Seus servos e oferecem aos fiéis os bons exemplos a imitar» (Cfr. SC, 104 - 111).

No fundo, celebramos aquilo a que eu gosto de SANTIDADE ANÓNIMA, ou seja, aqueles que, não havendo uma causa de beatificação ou canonização, viveram em comunhão intima com Jesus Cristo, muitos deles são gente simples, familiares e amigos nossos. Acreditamos que Deus recompensa aqueles que d'Ele, n'ELe, por Ele e para Ele viveram, muitas vezes escondidos e no anonimato da sua vida simples e humilde. Foram homens, mulheres, jovens e crianças como nós, mas que assumiram na sua vida o Evangelho, o amaram e o viveram. 

Para mim, é um dia de grande importância, pois faz um ano que tomei o hábito da Ordem dos Pregadores, em Sevilha. É uma acto externo que simboliza o que interiormente se vive, isto é, a conversão e o seguimento de Cristo, ao modo de São Domingos.

Mas, hoje, cinco irmãos do Vicariato de Angola, tomam hábito. Que este dia seja para eles o «primeiro dia do resto das suas vidas», como o foi há um ano para mim. 


Deixo - para terminar - as palavras atribuídas a  São João Paulo II:

«Precisamos acima de tudo de santos sem véu ou batina. Precisamos de santos de calças de ganga e sapatilhas. Precisamos de Santos que vão ao cinema, ouvem música e passeiam com os amigos.
Precisamos de santos que colocam Deus em primeiro lugar, mas que também se 'esforcem' na faculdade. Precisamos de santos que tenham tempo para rezar e que saibam namorar na pureza e castidade, ou que se consagrem na sua castidade. Precisamos de santos modernos, Santos do século XXI, com uma espiritualidade inserida no nosso tempo. Precisamos de santos comprometidos com os pobres e as necessárias mudanças sociais.
Precisamos de santos que vivam no mundo, se santifiquem no mundo, que não tenham medo de viver no mundo.
Precisamos de santos que bebam coca-cola e comam hot-dogs, que usem jeans, que sejam internautas, que usem walkman [mp3's]. Precisamos de santos que gostem de cinema, de teatro, de música, de dança, de desporto.
Precisamos de santos que amem apaixonadamente a Eucaristia e que não tenham vergonha de tomar um 'copo' ou comer uma pizza no fim-de-semana com os amigos. Precisamos de santos sociáveis, abertos, normais, amigos, alegres e companheiros.
Precisamos de Santos que estejam no mundo; e saibam saborear as coisas puras e boas do mundo, mas que não sejam mundanos».

Que o Senhor nos ajude a chegar, por intercessão de Todos os Santos e imitando as suas vidas, a amar plenamente o Evangelho da graça, que é o próprio Cristo. Não tenhamos medo de ser santos... anónimos e normais, mas SANTOS!!!

Bom Domingo,

fr. José Manuel, op




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