Curar, Dar e Saciar

Depois tomou os sete pães e os peixes e, dando graças, partiu-os e foi-os entregando aos discípulos e os discípulos distribuíram-nos pela multidão. 
Todos comeram até ficarem saciados. E com os pedaços que sobraram encheram sete cestos. 
(Mateus 15, 29 - 37)

Jesus, depois de curar a multidão que o seguia, compadeceu-se daquela gente e alimentou-a. O alimento espiritual estava dado. A cura é a restauração da dignidade humana, é o alimento espiritual que procuramos... abandonar o pecado e viver na graça. Podia fazer aqui uma reflexão sobre a Eucaristia, mas prefiro falar-vos de outra coisa, partilhando um pouco da minha vida...

A nossa pergunta é a dos discípulos: «Onde arranjamos nós de comer para tanta gente?», mas a confiança é a de Jesus: «Mandai sentar essa gente! Trazei-me os pães e os peixes». Vivemos num tempo em que nos preocupa a falta de bens, até se ouve dizer por aí: «Não temos para nós, vamos dar aos outros?» e isto acontece porque não há confiança. 

Quando eu era mais pequeno e entrei no seminário, conheci um sacerdote espiritano já idoso que ia celebrar à minha terra, o Padre Nuno, que me acompanhou até à sua morte. A mim preocupavam-me os custo, visto que os meus pais não eram ricos e o que tinham não era abundante. Uma vez estava a falar com ele dessa dificuldade e ele disse-me: «Porque te preocupas com isso? Confia no Senhor... tudo se arranja!». Nessa mesma semana o meu Pároco ofereceu-me algum dinheiro e prometeu-me acompanhar financeiramente. Uma outra situação que partilho foi a de quando saí do seminário e que me preocupavam coisas como as propinas da Universidade e, mais uma vez o Senhor providenciou. Quando parecia perdido e desanimado, o Senhor pôs no meu caminho o meu actual Padre Mestre que me deu de novo a esperança. O Senhor providenciará... é este o espírito!

Mas, também, a minha partilha ficaria incompleta se convosco não partilhasse a minha mais recente experiência. Sou voluntário numa associação recente ligada ao Convento, da qual já aqui falei, mas nunca é demais, Desde o primeiro dia em que se abriu que cada vez mais pessoas sem-abrigo vêm ter connosco. Não será pelo banho, pois outras instituições o fazem; não será pela refeição, outras instituições arranjam; não será pela roupa até porque hoje em dia é fácil arranjar. Mas, penso eu, que será pelo carácter cristão que a associação tomou. Não despachamos as pessoas, mas acolhemos as pessoas, tratamos delas e cuidamos delas como se fossem nossos familiares, e são... são nossos irmãos. E mais, tudo feito por voluntários, pois ninguém ali recebe um ordenado por limpar o chão, por lavar roupa, por dar de comer. É, de facto, a providência divina em efeito... Graças a Deus!!!

É o que Jesus fez com aquela multidão. Acolheu-a, curou-a, deu-lhe dignidade, deu-lhe esperança, deu-lhe amor, depois saciou-a com a sua palavra, presença, mas também pelo alimento... É ao que estamos chamados!!!

De facto, a nossa preocupação é tão grande com aquilo que é material que nos esquecemos do essencial: seguir a Cristo pobre, pois Ele enriquece-nos na Sua pobreza. 

Neste dia peçamos ao Senhor que nos dê força para socorrer o nosso irmão que sofre, que precisa do nosso apoio material e espiritual! Também isto é estar atento à vinda do Senhor. Que neste Advento sejamos capazes de dispensar algo para estes irmãos...

Por fim, partilho convosco um vídeo que é o resumo do que aqui acabei de falar... «há mais alegria em dar do que em receber»!



Pax Christi.

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