Trocar o fardo em Cristo
«Naquele tempo, Jesus exclamou:
«Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim,
que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».
Mateus 11,28-30
O mundo em que vivemos é um mundo atarefado... Corremos, saltamos e fazemos de tudo para termos tudo preparado para um jantar, uma festa, uma visita, mas descuramos a nossa preparação interior. Não sei se é por medo do encontro connosco mesmos, pela oração, ou se é pelo facto de não termos sido educados para a interioridade da vida.
Porém, quando o fazemos e percebemos as nossas fragilidades, é frequente ouvir-se dizer: «Que mal fiz eu a Deus?», ou então «Porque é que tem de ser assim?». De facto há coisas que não entendemos, pois a nossa racionalidade é limitada e não pode entender a Vontade de Deus a nosso respeito.
O Papa Francisco, nas JMJ do Brasil, falou ao jovens sobre o sentido da Cruz na vida dos cristãos e creio que é um bom comentário a este Evangelho:
«Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida.
Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta que o Apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da perseguição do Imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direcção oposta e, admirado, lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». E a resposta de Jesus foi: «Vou a Roma para ser crucificado outra vez». Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na Cruz.
Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida (cf. Jo 3,16).»
Não tenhamos medo de abraçar a Cruz [VIDA], pois sabemos que o Senhor nos conforta e ajuda a levá-la por diante. Afinal Jesus não nos dá aquilo que não podemos fazer. Vejamos o exemplo da Virgem de Nazaré: Maria, uma rapariga de 14 anos, simples e humilde, aparentemente frágil e foi ela que teve a dita de trazer ao Mundo o Salvador. Deus pediu-lhe aquilo que ela podia cumprir...
Neste caminho do Advento, confiemos ao Senhor as nossas cruzes, as nossas vidas, os nossos problemas e acolhamos como a um menino a vontade de Deus a nosso respeito, pois sabemos que por mais difícil que seja esse caminho, Ele está connosco.
É uma questão de trocar o fardo pesado do pecado, pelo saco leve da misericórdia...
Aviso:
A associação João13, como já é costume, promove hoje uma Oração pelos que sofrem e com os que sofrem, este mês rezaremos com aqueles que perderam alguém que amavam, lembrando aquelas situações de vazio, de solidão. É hoje à noite na Capela de Nossa Senhora da Carreira (Rua Gomes Freire, nº 70), pelas 21h15.
Quem puder e quiser, apareça; quem quiser e não puder, una-se à oração a partir das suas casas.
Pax Christi.
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