Interioridade vs Exterioridade

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus. Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína». 
(Mt 7, 21.24-27)

Enquanto seres humanos somos frágeis e precisamos de exteriorizar aquilo que vivemos interiormente, precisamos de símbolos, de fórmulas, de gestos... 

Alguns exemplos:
Nós religiosos, quando tomamos hábito, queremos dizer - externamente - o que estamos a viver, isto é, uma conversão e uma mudança de vida clara, que não está acabada, mas que queremos começar. Na minha tomada de hábito, disseram: «Hoje, estes nossos irmãos noviços, ao tomar o hábito da nossa Ordem, realizam externamente o que interiormente já começaram». É o gesto simbólico do que queremos viver, isto é, passar do homem velho ao homem novo, como nos recorda S. Paulo. 

Mas, também, nos matrimónios há um gesto simbólico que é relevante: a entrega das alianças. Elas são o sinal externo da união de vida que se fez interiormente. Aliás, na oração de bênção das alianças, o sacerdote diz: «Abençoe o Senhor estas alianças, que ides entregar um ao outro como sinal de amor e de fidelidade.»

Isto para dizer que, nós,  os cristãos devem optar pela sua interioridade e não pela exterioridade. E quando optamos pela exterioridade seja para fundamentar a nossa interioridade. É este o apelo do Evangelho de hoje. 

Estamos no início do tempo do Advento e devemos questionar a nossa forma de agir, de ver as coisas, de nos relacionarmos com os irmãos e com Deus. Estar vigilante é, também, orar! Rezar com sinceridade e de todo o coração, pois sabemos que o Senhor conhece o mais profundo de nós. Mas, para rezar com sinceridade é preciso saber onde temos a nossa esperança, pois como diz S. Mateus: «Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração». E isto não é nada mais, nada menos do que saber onde está Cristo nas nossas vidas ou, utilizando a linguagem do Evangelho de hoje, saber se a fundação da nossa casa está sobre a rocha ou sobre a areia.
É sempre tempo de mudar, de transformar a nossa vida tão frágil... pois, confiados na misericórdia e na graça de Deus, podemos chegar a Ele com o coração aberto, pois Ele ama-nos tal como somos!

Por isso,  convido-vos a colocaram estas questões:
Em que alicerces andamos a fundar a nossa casa? 
Fundamos a nossa casa [vida] sobre a areia [coisas do mundo] ou sobre a rocha [Cristo e o Evangelho? 
Como é a nossa oração? É fervorosa e interior ou é, como diz o povo, «para inglês ver»?

Pax Christi.
 


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