A liberdade da escolha
Moisés falou ao povo, dizendo:
«Ponho hoje diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade.
A nossa vida é feita de escolhas, como sabemos. São as escolhas que fazemos na vida uma oportunidade de aprendermos: umas vezes acertamos nas escolhas, outras erramos nas mesmas escolhas.
Acredito que mesmo as escolhas que fazemos mal são uma oportunidade de aprender. Aprendemos quando caímos no erro e aprendemos a levantar, contando sempre com a ajuda dos que nos rodeiam e, para isso, temos os amigos e familiares.
As nossas escolhas são o reflexo do que somos e do que pensamos. Acho que ninguém opta por uma coisa que não ache correcta, sobretudo se for uma escolha para a vida, por exemplo, casar, professar numa ordem religiosa, tirar este ou aquele curso, aceitar um emprego...
Hoje o Senhor, pela boca de Moisés, fala-nos da liberdade que Ele nos dá para escolhermos e construirmos o próprio caminho. Não é uma tarefa fácil...
Tomar decisões, nesta nossa sociedade, torna-se cada vez mais difícil, visto que a grande maioria das vezes, porque o medo do fracasso, da desilusão, da infelicidade assola o mundo. A mentalidade do mundo é que temos de ter sucesso em tudo o que fazemos e chegar ao topo o mais depressa possível. Isto é, pensar que «os fins justificam os meios», como diz o filósofo Maquiavel. Ou seja, fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para atingir os fins e os meios, mesmo que sejam contra os outros, são justificados. Vemos isso na política, cada vez mais corrompida, porque todos querem chegar ao topo, independentemente se isso é mau para o povo. Mas enfim...
Com Deus não é assim...
O fim é Ele próprio, os meios somos nós, enquanto Igreja... Mas o chegar ao fim implica esforço, renúncia. Há uma frase que diz: «Eu prometi que chegarias à felicidade, mas não que seria fácil». Na vida há que sofrer: não dormir 8h por noite porque há trabalho, acordar a meio da noite porque um irmão se sentiu mal, acordar cedo porque há que ir para as aulas, etc...
A nossa vida é feita de escolhas livres que implicam esforço e empenho da nossa parte.
Mas chegar a Deus implica, sobretudo, fidelidade às escolhas. Há que perseverar nas escolhas que fazemos e, quando aparecerem as dificuldades, há que entregar a Deus.
Ora, pondo o meu exemplo: Seguir a Jesus ao estilo de Domingos de Gusmão, abraçar a Ordem dos Pregadores!!! É bonito e verdadeiro dizer isto! E depois? Já está? Estou livre de tudo? Não!...
Há que trabalhar, que fazer o esforço por ser um bom estudante, ser um bom frade, ser um bom cristão e ser boa pessoa... Isto não é automático e não se recebe no dia da profissão, mas há que «pôr as mãos ao arado e não olhar para trás», como nos diz Jesus no Evangelho.
«Quem quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de todos os dias e siga-Me!». Isto é que é o mais difícil. Tomar a Cruz de todos os dias é saber que, apesar da carga, é a nossa cruz, são os nossos problemas, as nossas misérias, os nossos descontentamentos...
Porém, nesta passagem, há algo mais importante, pois seguir Jesus implica quatro momentos essenciais:
1. Vontade: Jesus não obriga; parte da escolha livre de cada um segui-l'O.
2. Renúncia: Renunciar ao EGO para abraçar a COMUNIDADE.
3. Tomar a Cruz: implica aceitar, com fidelidade, os desígnios de Deus.
4. Fazer caminho: Fazemos caminho ao saber que chegaremos à felicidade, acompanhados por Deus e pelos irmãos.
Celebramos, também hoje, o dia de Nossa Senhora de Lourdes e o Dia Mundial do Doente. Rezemos por todas as pessoas que sofrem no Mundo, vítimas de doenças graves, cancros. Rezemos pelos que, na doença, se deixaram enfraquecer pelo desânimo, principalmente aqueles que não têm quem reze por eles...
Rezemos, também, pelos que sofrem fome e perseguições, vítimas da guerra..
Que o Senhor alivie o seu sofrimento...
Estamos na Quaresma e ainda estamos sempre a tempo de rever as nossas escolhas e optar pelas mais sensatas; se já as fizemos, a Quaresma é um bom tempo para reflectir se somos fiéis às mesmas, confiantes naquilo que disse o Papa Francisco:
«Deus só nos dá a Cruz que somos capazes de carregar!»
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