Efeitos...

Assim fala o Senhor:
 «A chuva e a neve que descem do céu não voltam para lá sem terem regado a terra, sem a haverem fecundado e feito produzir, 
para que dê a semente ao semeador e o pão para comer
assim a palavra que sai da minha boca não volta sem ter produzido o seu efeito, 
sem ter cumprido a minha vontade, sem ter realizado a sua missão».
Isaías 55,10-11. 

Na nossa vida, procuramos sempre não sofrer os efeitos das nossas acções. É difícil aceitar que as nossas acções tenham efeito, às vezes um efeito não desejado. Assim como os medicamentos têm efeitos secundários, também as nossas acções. O desesperante é quando fazemos algo com boa intenção e o efeito é mau. Bom, é a vida... não há que lamentar-se por isso!

Tudo, na nossa vida, é preciso: as tormentas, a chuva, os desejos e esperanças, os medos e anseios... é com base nisto que vivemos. Não há vida que não tenha de tudo um pouco! Mas, como nos diz o Senhor, a Sua Palavra tem um sentido nas nossas vidas, tem uma finalidade, uma missão. 

Estamos nós preparados para receber a Palavra de Deus nas nossas vidas? A resposta parece fácil, à primeira vista, mas não... receber a Palavra de Deus é receber uma vontade e uma missão que, muitas vezes, não nos agrada! Dou-vos o meu exemplo (não pretendo ser exemplo de ninguém, apenas uma ilustração!). 

Igreja do Mosteiro de Novy Dvur,
na República Checa
Quando acolhi a Palavra de Deus na minha vida e a procurei viver, dei-me conta que tinha de deixar muita coisa: os meus pais, a minha terra, os meus amigos, as minhas rotinas, enfim... um mudar de vida completo! Mas, comecei a pensar nos casos da Bíblia, tal como Abraão. 
Mas perguntam-me: 'Isso não te fez recuar?', ao que respondo que sim! Fez-me no mínimo adiar a minha resposta, mas aquele «ardor» continuou sempre presente e, por isso, não pude calar por muito tempo...
Quando tomei a decisão de avançar nesta vida, pensava muito nos efeitos que isso causaria nas gentes que me rodeavam, mas para abraçar umas coisas, é preciso largar outras; por conseguinte, ao largar essas coisas, ganhamos muitas outras...

Bom, mas voltando à Palavra de Deus! A Palavra tem de nos fecundar, aquela pequenina semente que recebemos no dia do Baptismo, não pode ser abafada, mas tem que ser cuidada para que possa morrer e germinar! 

Já o Evangelho dá-nos a chave para manter pura e cuidada esta semente: a Oração!

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando orardes, não digais muitas palavras, como os pagãos, porque pensam que serão atendidos por falarem muito.
Não sejais como eles, porque o vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós Lho pedirdes. 
Orai assim: ‘Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome;
(cfr. Mt. 6, 7 - 15)

Mas, não aquela oração muito palavrosa, cheia de flores e de coisas bonitas - como se o Senhor precisasse de tanta palavra para saber o que vai dentro de nós! -, mas uma oração em que se dá lugar à escuta de Deus. 
A nossa oração, embora utilizando palavras, quer ser um momento de proximidade com o Senhor, para que, no meio das vozes do Mundo, saibamos distinguir a Sua voz.  Assim, escutando a Palavra de Deus, podemos acolhê-la e fazer com que ela dê fruto. 

Neste tempo da Quaresma, procuremos escutar mais a Palavra de Deus, meditando-a e dando-lhe vida, com a nossa própria vida. Saibamos distinguir a Voz de Deus no meio do Mundo, pois Ele aí está! E não mais tenhamos medo dos efeitos que Deus pode ter na nossa vida, pois como diria São João Paulo II: «Ele não tira nada, dá tudo!».

Pax Christi!

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