O Cordis Mariae

«E Maria guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração»

Ontem celebramos o Coração do Filho, hoje celebramos o Coração da Mãe. 

Para mim, o sentido destas festas e devoções associam-se à concepção de Deus. Havia a mentalidade de que Deus era o Deus castigador do Antigo Testamento, o Deus das Batalhas, o Deus que protegia o seu povo pela violência, o Deus assertivo... a figura de Maria contrapõe-se a esta concepção, deixando passar a figura da bondade e de ternura de mãe. Por isso, algumas pessoas dirigem-se mais depressa a Maria, do que a Deus. 

Ontem, durante a tarde e nos intervalos do estudo - há que ter equilíbrio entre o académico e espiritual -  estava a ler um texto de um fundador de uma congregação religiosa no qual se lia: «Ter os Sagrados Corações de Jesus e de Maria por patronos, significa estar sempre disposto a acolher aquele que vem ao nosso encontro, procurando o Rosto do Pai». 

De facto, o Coração tem de ser o lugar principal do acolhimento sem barreiras, por isso, na minha óptica, representam-se com o coração exposto, mas com um braço estendido em sinal de acolhimento. 


Mas, no Evangelho de hoje, Jesus parece ser rude com a sua mãe preocupada... É-o aqui e depois nas bodas de Canaã. 

Acho que nenhuma mãe gostava de ouvir estas respostas: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?» ou «Mulher, que tem isso a ver connosco?».  O Evangelista da infância, S. Lucas, atenua esta situação ao dizer: «Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso». 

Há um exegeta - que não é muito 'ortodoxo' - mas que lhe acho alguma piada. Ele diz sobre este texto: «Lucas aplica aqui um eufemismo para aquilo a que nós chamamos 'engolir um sapo'». Há questões que ficarão para a vida eterna e uma delas será perceber se Maria guardava e meditava estas coisas, ou se ficava triste e, por isso, ficava calada. 

Mas, é uma lição! Também por vezes são rudes connosco, e nós explodimos facilmente, ou como diz o povo - e bem! - temos 'os nervos à flor da pele'! A paciência é uma virtude, há que cultivá-la, mesmo que nos custe e nos seja complicado calar. E contra mim falo, claramente!!!

Que estes dons da bondade, da ternura, da paciência nos assistam sempre na nossa vida... Aprendamos de Maria esta capacidade da escuta e da contemplação.

Por fim, publico, aqui, o Vídeo do Papa, com a sua intenção para este mês:


A intenção deste mês vem ao encontro daquilo que o Papa disse na Audiência Jubilar de 14 de Maio (Clique para ler) e vem completamente contra da barbaridade que aconteceu, ontem, na AR de Portugal. Foi rejeitada, ontem, o Projecto-Lei que aprovaria a criminalização do abandono dos idosos. (Ri-me imenso com um senhor de um certo partido que fez a seguinte afirmação: «Se ainda fossem animais idosos, talvez tivesse sido aprovada!»). Enfim... vamos pelo bom caminho!

Ponhamos os olhos, os ouvidos, o coração e meditemos no que diz o Papa Francisco...

Bom fim-de-semana!


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