O nosso olhar...

Quando saiu o incrível filme «A Paixão de Cristo», de Mel Gibson, lembro-me de certos comentários que se fizeram ao filme, desde o muito bom ao péssimo. Talvez tenha sido o filme mais controverso que saiu nos cinemas. Lembro-me que, em certos cinemas, havia médicos e enfermeiros para socorrer possíveis acidentes...

Sim, foi um dos melhores filmes que vi até hoje sobre a vida de Jesus. Retrata a crueldade com que Jesus foi tratado e não os filmes românticos de um Jesus, tipo Diogo Morgado ou alguém parecido.
Também esses serão bons, apenas porque relatam a vida de Jesus...

Um analista de cinema comentava (o que também achei quando vi o filme) a temática dos olhares de todas as personagens. Era de tal forma claro que, de imediato, se percebe se são más pessoas ou boas pessoas. É no olhar que vemos o que as pessoas são e sentem, mesmo que não se queira deixar transparecer...

Deixo, aqui, uma cena do filme que referi (aviso que as imagens são fortes) sobre a figura do Diabo, mas é interessante ver todos os olhares... vale a pena ver o filme a partir deste ponto de vista!


Jesus, hoje, no Evangelho, fala-nos do olhar:

«A lâmpada do teu corpo são os olhos. Se o teu olhar for límpido, 
todo o teu corpo ficará iluminado. 
Mas se o teu olhar for mau, todo o teu corpo andará nas trevas. 
E se a luz que há em ti são trevas, como serão grandes essas trevas!». 

«A menina afegã», de Steve McCurry, 1984
Olhar com limpidez pode significar duas coisas: a primeira, é que somos transparentes e que, pelo nosso olhar, deixamos perceber a nossa vida e o modo como o vivemos; o segundo significado é o de olhar sem preconceito as pessoas que nos rodeiam. 

Dizia uma psicóloga conceituada que «tudo o que sai de nós, os instintos, os sentimentos, os desejos são positivos, porque demonstram que o nosso corpo está vivo e que nós somos 'normais'!», mas, continuava a doutora, «tudo depende do que fazemos com tudo isto».

O nosso olhar revela-nos aos outros, pode ser uma boa oportunidade para perceber o outro, mesmo que as palavras que pronuncia contradigam o olhar. O nosso olhar tem de ser limpo do preconceito, limpo das nossas concepções, das nossas teorias e, só assim, poderemos olhar com os olhos de Deus. Deus não julga, Deus 'não faz acepção de pessoas', tal como diz São Paulo. 

Mas, então, é altura para reflectir: Como anda o meu olhar? Como vejo as coisas, as pessoas, as realidades? Será que o meu olhar reflecte o que me vai no coração? O meu olhar é misericordioso ou preconceituoso?

Pax Christi!

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